Estados Unidos

Por Edinaldo Moreno / Jornal de Fato

O Sindicato da Indústria da Extração do Sal do Estado do Rio Grande do Norte (SIESAL-RN) teme colapso do setor salineiro no estado após a taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a importação de produtos brasileiros. Segundo estimativa da entidade que representa os salineiros potiguares, o tarifaço coloca em risco milhares de empregos diretos.

Segundo a entidade, a taxação colocará em risco 4 mil empregos diretos instalados em municípios do Semiárido Potiguar, além de postos de trabalho nas cadeias subjacentes, como venda, distribuição, frete rodoviário e frete marítimo.

O estado é responsável por produzir 98% do sal brasileiro e deve, portanto, sofrer grandes consequências com a medida e, segundo nota divulgada pelo SIESAL/RN, a medida do governo americano “vai excluir o sal nacional do mapa de negócios com as empresas americanas”.

O presidente do SIESAL-RN, Airton Torres, destaca ainda que os EUA respondem por 47% de todos os negócios que a indústria salineira tem com o exterior, segundo dados dos últimos seis anos levantados pelo sindicato. “Os Estados Unidos são, notadamente, o maior importador de sal do mercado atingível pelo produto sal brasileiro, com participação de 27% dos embarques”, informa.

Torres aponta que os Estados Unidos consomem cerca de 16 milhões de toneladas de sal importado e têm um consumo total de aproximadamente 50 milhões de toneladas anuais, valor expressivamente superior ao consumo interno. “A título de informação, o mercado brasileiro consome por ano cerca de 7 milhões de toneladas.”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o aumento de tarifas a produtos importados do Brasil para 50%, na noite da última quarta-feira (9). O país, até então, havia ficado com a sobretaxa mais baixa, de 10%, nas chamadas tarifas recíprocas, anunciadas pelo presidente estadunidense em 2 de abril.

A posição dos Estados Unidos foi formalizada em uma carta endereçada nominalmente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o comunicado, as tarifas serão cobradas a partir de 1º de agosto. Por meio de nota, Lula criticou o aumento das tarifas e afirmou que a medida será respondida com base na Lei de Reciprocidade Econômica.

Perda de receita inviabilizará operação do Porto Ilha

A nota divulgada pelo Sindicato da Indústria da Extração do Sal do Estado do Rio Grande do Norte (SIESAL-RN) destaca também que 58% do sal embarcado pelo Terminal Salineiro de Areia Branca, o Porto Ilha-Intersal, destina-se ao exterior, e que 27% dos embarques totais são exportados para os Estados Unidos, gerando uma média de vendas de 530 mil toneladas de sal por ano.

A perda dessa fonte de receita inviabiliza também a operação da concessão portuária do Terminal Salineiro Intersal, o Porto Ilha, que movimenta exclusivamente sal, aponta a nota. “O sal é estratégico e a derrocada da indústria salineira jogará o Brasil na dependência da importação”, afirma o documento.

O sindicato aponta que a desvantagem competitiva do produto brasileiro se acentua à medida que todos os competidores estrangeiros, como Chile, Egito, Namíbia e México, são taxados pelo governo americano com tarifas inferiores.

Sobre a busca por possíveis novos mercados, o presidente Airton Torres afirma, em nota, que a possibilidade de exportar para outros destinos, como o mercado asiático, torna-se inviável devido aos altos custos logísticos. Outros mercados, como o europeu, que possui produção própria e importa seu déficit do Norte da África e do Oriente Médio, também são considerados fechados para a produção potiguar.

“Trata-se, pois, de produto com vendas regionalizadas e não globais, como é o caso de outras commodities. Logo, não há alternativas que possam receber o volume de sal brasileiro que deixará de ser enviado aos Estados Unidos”, afirma Torres.

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Agência Brasil

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) vai buscar novos mercados para serem alternativa às exportações brasileiras que poderão ser afetadas com o anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 50% os produtos importados do Brasil. O ministro Carlos Fávaro disse nesta quinta-feira (10) que o governo busca minimizar os impactos da decisão dos Estados Unidos. 

“Vou reforçar essas ações, buscando os mercados mais importantes do Oriente Médio, do Sul Asiático e do Sul Global, que têm grande potencial consumidor e podem ser uma alternativa para as exportações brasileiras. As ações diplomáticas do Brasil estão sendo tomadas em reciprocidade. As ações proativas vão acontecer aqui no Ministério da Agricultura e Pecuária para minimizar os impactos”, disse Fávaro, em pronunciamento nas redes sociais.

Em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (9), o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que as sanções passam a valer a partir do dia 1º de agosto.

Fávaro classificou a ação do governo norte-americano como “indecente” e disse que o governo brasileiro está agindo de forma proativa. Ele relatou que já conversou com as principais entidades representativas dos setores mais afetados, como de suco de laranja, de carne bovina e de café para encontrar alternativas.

“Para que possamos, juntos, ampliar as ações que já estamos realizando nos dois anos e meio do governo do presidente Lula em ampliar mercados, reduzir barreiras comerciais e dar oportunidade de crescimento para a agropecuária brasileira”.

No setor de agronegócio, açúcar, café, suco de laranja e carne representam os principais itens da pauta brasileira aos norte-americanos. Segundo especialistas ouvidos pela Agência Brasil, um dos efeitos colaterais de curto prazo deve ser a queda de preços no mercado interno, especialmente das commodities agrícolas que deixarão de ser exportadas.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) já calcula que a medida de Trump tornará o custo da carne brasileira tão alto que inviabilizará a venda do produto para os Estados Unidos.

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Anna Luiza Queiroz e Anne Letícia Pinheiro, alunas da escola estadual de Tempo Integral Dr. José Fernandes de Melo, em Pau dos Ferros, representaram o Brasil em uma missão científica no Massachusetts Institute of Technology (MIT), entre os dias 7 e 14 de junho. O projeto que levou as jovens à maior universidade de tecnologia do mundo foi um rover sustentável, desenvolvido por elas e outros colegas como parte da equipe Redescobrindo a Caatinga.

A proposta nasceu dentro do ambiente escolar e alia tecnologia, sustentabilidade e valorização do bioma semiárido. O pequeno veículo robótico foi projetado para operar em condições extremas do solo e clima da Caatinga, com estrutura montada a partir de materiais reaproveitados. A ideia é utilizar soluções tecnológicas para responder a desafios locais, tendo a natureza como fonte de inspiração e campo de atuação.

A jornada até o MIT teve início ainda em 2024, durante a RoverXpedição Caatinga — uma série de etapas formativas e seletivas que mobilizou estudantes e professores da rede estadual. Em outubro, na fase realizada na Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA), em Mossoró, a equipe se destacou entre dezenas de projetos. Já em janeiro deste ano, Anna Luiza e Anne Letícia participaram de uma missão preparatória no Laboratório de Aplicações Científicas (LAC) da UFERSA, onde trabalharam ao lado de mentores da universidade, estudantes do MIT e outros finalistas.

“É profundamente gratificante testemunhar que estudantes da escola pública são plenamente capazes de sonhar alto, romper barreiras e concretizar seus projetos de vida”, afirmou a professora Jacicleuma Oliveira, uma das orientadoras do projeto.

De volta ao Rio Grande do Norte, as estudantes relatam que a experiência foi marcante. “Foi a realização de um sonho. A sensação que tenho é de missão cumprida e de coragem para encarar mais um desafio”, disse Anna Luiza.

A secretária de Estado da Educação, professora Socorro Batista, parabenizou as estudantes e destacou a importância do feito. “É um orgulho imenso ver nossas estudantes se destacando internacionalmente. Essa conquista mostra o poder da escola pública quando há investimento, incentivo e valorização do protagonismo juvenil. Elas nos ensinam que a educação transforma — e transforma para o mundo”, pontuou Batista.

A missão científica nos Estados Unidos chegou ao fim, mas o legado que as jovens deixam é um convite à esperança e à ousadia. Do sertão potiguar ao MIT, a Caatinga foi redescoberta com ciência, criatividade e amor pelas raízes.

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